Espionagem americana: nós já sabíamos

Os EUA utilizam a desculpa de que protegem o povo americano e, por isso, podem tomar qualquer atitude, inclusive contra países amigos, como o Brasil. Mas os objetivos vão mais além da mera segurança...


Um dos mais prestigiados sociólogos dos tempos atuais, com livros traduzidos para os mais diversos idiomas, havia tratado, já em 2003, dos mecanismos de espionagem presentes na estrutura estatal dos Estados Unidos da América. O espanhol Manuel Castells é um dos maiores especialistas no universo da sociedade da informação, e fez denúncias sobre as ações e bisbilhotices dos EUA em seu livro “A Galáxia da Internet”.

Especialista brasileira alertou
Em 2004, no X Simpósio de Pesquisa em Comunicação da Região Sudeste – SIPEC, Cintra Martins, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escreveu em uma de suas apresentações (intitulada “Cooperação e controle na rede - Uma leitura da Internet a partir do site Slashdot.org”) que, “em outubro de 2001, o Senado norte-americano aprovou o Patriot Act que, entre outras medidas, permite o rastreamento das informações da Internet, inclusive as dos e-mails. Os provedores de acesso à Internet são obrigados a fornecer ao FBI os dados pessoais e as senhas dos usuários sob suspeita. Mas se todos são suspeitos, logo todos são passíveis de rastreamento”.

A especialista no assunto continua, dizendo que “antes mesmo do Patriot Act, já se tinha conhecimento da utilização do programa Carnivore pelo FBI, que acompanhava o tráfego de e-mails e investigava as informações neles contidas com base em amostragem e busca por palavra-chave. Invisíveis, essas tecnologias de vigilância permeiam a rede e rastreiam todas as informações que nela circulam. Talvez agora mesmo um deles esteja se infiltrando em seu computador ou monitorando suas mensagens pessoais. Para que funcionem a contento, como se propõem, é essencial que ignoremos a sua ação”.

Desde 1964...
Consta que, desde 1964, há um livro, de fácil acesso e nada sigiloso, que trata justamente dos mecanismos, objetivos e necessidades do sistema de espionagem global dos EUA. Obviamente, sempre calcado na necessidade de “proteção do solo e do povo americano”.

Ou seja, desde 1964 e mais recentemente, desde 2003, existem denúncias sobre a espionagem americana. No último caso, são explícitas as referências a invasão de computadores e de e-mails pessoais. Até os programas de criptografia (antigo Outlook, por exemplo), foram obrigados a “evoluir” e acabar com a tecnologia de criptografia.

Mas o que parece que ninguém esperava (haja inocência), é que a tecnologia de espionagem fosse utilizada contra o Brasil, país amistoso aos EUA. E mais gravemente, utilizada com objetivos comerciais.
Ministro das Comunicações

Segundo a Agência Brasil, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que os Estados Unidos praticaram espionagem industrial contra o Brasil. “A partir do momento em que estão fazendo escuta e monitoramento de dados de políticos brasileiros, inclusive da presidenta da República, e de empresas como a Petrobras, isso não tem nada a ver com a segurança dos Estados Unidos, isso é espionagem industrial”, disse.

O ministro disse acreditar que as ações não têm respaldo na legislação americana. “É evidente que se um país faz monitoramento de informações, atividades de inteligência, para se defender de eventuais ataques, principalmente se defender de ataques terroristas, com a história que têm os Estados Unidos, o mundo inteiro acha isso uma coisa razoável”, ponderou sobre os limites que seriam considerados legítimos.


O ministro disse que o governo está pensando em formas de reforçar a proteção contra ações de espionagem. “Nós temos que reforçar os nossos investimentos em redes mais seguras”, disse durante a palestra. Entre as ações, Bernardo destacou o lançamento de um satélite previsto para o final de 2015. “A ideia é usar o satélite para as comunicações estratégicas do Ministério da Defesa e das Forças Armadas. E, também, para fazer provimento de banda larga nas regiões mais distantes”, explicou.


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