Mino Carta se despede, mas sua escola ficará

São poucas as pessoas, especialmente os jornalistas, que sigo com ávido interesse. Mino Carta é um dos que a realidade me obrigou a seguir. Pela lucidez das críticas, pela qualidade do jornalismo, pela ética que o guia. Enfim, pelo jornalista que é. 60 anos de profissão o fizeram um dos mais ácidos combatentes em favor do bom jornalismo. Agora, o velho e teimoso anarquista, gramsciano, diz-se definitivamente decepcionado com a profissão. Decidiu afastar-se do blog, calar-se em CartaCapital. Tantas bordoadas nas costas, por tantos anos, não amoleceram o espírito crítico do Senhor Mino. E ele deixa escola. Posso me afirmar, com veemente orgulho, seguidor dessa escola. Ainda há muito o que aprender, mas cá estou, e praticarei o jornalismo à luz dos princípios que guiam Mino em sua jornada: Fiscalização diuturna do poder, onde quer que ele se manifeste; exercício desabrido do espírito crítico; fidelidade canina à verdade factual. Princípios esses que deveriam ser o Juramento que todo jornalista faz ao formar-se. Mino promete um livro sobre o Brasil. Espero-o ansioso. E aguardo novas manifestações intelectuais do velho turrão. Ele não conseguirá calar-se. Mesmo querendo.
 

EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS

Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.

Fernando Pessoa 

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