Jornalismo e Diploma

Carla Rister. Eis o nome da Juíza substituta que reabriu a discussão sobre a necessidade ou não do jornalista ser diplomado (em curso de jornalismo!!!) para exercer a profissão. Os meios de comunicação comerciais gritam, aos quatro cantos do Brasil, que a necessidade de diploma para a profissão foi imposta pela Ditadura Militar (a Falha de S. Paulo, principalmente, que briga há anos para jornalista não precisar mais de diploma é quem grita mais alto - justo ela, usando o argumento de que o diploma é "entulho da ditadura". Não nos esqueçamos que, para ela, não houve ditadura, mas ditabranda).
 
A não-obrigatoriedade criou a figura do jornalista precário, como assinala o prof. João Negrão no blog "Azesquerda". Sejamos francos: a própria sociedade já mostrou que quer jornalista diplomado. Mas as corporações de mídia (e jornalecos que exploram o trabalho de quem quer o gostinho de ter o nome em uma página de jornal) se colocam contra. O argumento? Justamente o de ser a obrigatoriedade "um entulho da ditadura". Se esquecem de falar nos prejuízos que os profissionais da área terão, descobertos de proteções trabalhistas legais; e dos prejuízos que a própria sociedade terá, tendo informações apuradas por aventureiros que jamais entraram em discussões sobre ética no jornalismo e desconhecem a obrigação que o profissional deve ter para com a "cultura jornalística" (desobrigado, portanto, de seguí-la, e livre para mergulhar na "cultura de empresa").
 
Falta aos órgãos favoráveis à obrigatoriedade gritarem mais alto. Falta às faculdades de jornalismo mostrarem que não existem apenas para vender diplomas. E, principalmente, falta à classe jornalística como um todo, um pouco mais de unidade.
 
Segue um pequeno trecho do texto do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, para quem quer ver cair por terra o argumento de que foi na ditadura militar (1969, especificamente) que a questão do diploma surgiu:
 
"Um pouco da história dos jornalistas brasileiros

Em 1918, os jornalistas realizam o seu I Congresso e deliberam sobre a necessidade de implementar cursos de formação para o exercício profissional. Em 1938, Getúlio Vargas assina o Decreto 910, que regulamenta a profissão o acesso ao registro profissional. O mesmo decreto alerta que os cursos de jornalismo serão instalados e que após isso somente os formados terão acesso ao registro.
(grifo meu - eis aqui o momento da obrigatoriedade) 

Em 1962, Tancredo Neves assina a regulamentação das escolas de jornalismo. Em 1969, o decreto 970 (regulamentado pelo 83.284, de 1979) inclui a formação superior para o acesso ao registro.

Em 2002, a juíza Carla Rister abre o acesso profissional aos não-formados. Em 2009, o STF julga o acesso à profissão e a regulamentação dos jornalistas brasileiros, sem que a longa trajetória da construção e constituição da categoria tenha qualquer peso.

Em Santa Catarina, desde o final da década de 1970, instalaram-se 14 cursos de jornalismo. No Estado há mais de 200 emissoras de rádio, mais de 30 emissoras de TV de sinal aberto e fechado, e mais de 230 jornais e revistas
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