Para Max Weber, o mundo
sofreu, com o advento da racionalização, um processo de desencantamento: a
ciência tornou-se oficialmente a explicadora e investigadora dos fenômenos,
colocando as explicações mágicas como puras fantasias desprovidas de vínculo
efetivo com a realidade.
O homem moderno vive sob a
luz do racionalismo, em um progresso explicativo-racional dos fenômenos
mundanos em que a ciência é força propulsora. É um processo de dominação de
todas as coisas pelo cálculo e por meios técnicos, um processo de dominação
racional, teórica e prática do mundo natural.
Como consequência, o
próprio homem perdeu seu lugar privilegiado que ocupava quando do conceito de
“Criação divina”, e passou a ser apenas um ser, no meio de milhares de outros
seres que com ele disputam espaço. A dimensão mística, donde predominava a fé,
perdeu espaço, com a ciência, como fonte explicadora do mundo. A fé foi
transferida para a capacidade da ciência, em seu progresso, criar novas (embora
provisórias) explicações, predominantemente racionais. O próprio sentido do
mundo passou a ser dado pela ciência.
No contexto da vida
humana, passou a ser a ciência o elemento propulsor do progresso, em um
processo que não tem fim, dado o caráter provisório das explicações
científicas. A ciência passou a orientar a conduta prática do homem,
apresentando as expectativas que ela sustenta. Sua relação com a verdade,
nesses termos, é estreita e provisória: na medida que, por meio do conceito e
do experimento racional, ela busca a verdade dos acontecimentos, ela sabe que
essa verdade racional é apenas uma parte do progresso científico e, como tanto,
provisória, mutável, temporal.
Assim, a ciência busca a
verdade por meio da investigação e constatação dos fatos, a determinação de
seus conteúdos lógicos ou matemáticos, tendo sempre em mente que são
provisório, e, portanto, passíveis do erro. Carece, dessa forma, de respostas
definitivas e absolutas. Sendo assim, não fornece ao cientista a possibilidade
de parar suas investigações, por ter chegado a um termo sobre o assunto
abordado.
Isso significa que, quando
o homem da ciência prende-se unicamente em sue próprio juízo de valor, a
compreensão dos fatos fica comprometida. Não cabe ao cientista, na condição de
professor, impor seus padrões de pensamento, suas crenças (mesmo que na própria
ciência) e muito menos suas ideias políticas. O cientista que quer ser um bom
professor deve se limitar a cumprir a tarefa de, na condição de professor, ser
útil aos alunos com os seus conhecimentos e com as suas experiências
científicas e métodos, criando a claridade no processo de aprendizagem do
aluno.
Sendo assim, torna-se
claro que a racionalização impõe padrões ao meio acadêmico, determinando suas
relações: a busca pela especialização cada vez maior, em prol de uma maior
tomada de consciência de si mesmo e pela busca de conexos reais dos fatos do
mundo, da cultura e da natureza. A racionalização “espanta” do mundo acadêmico
aqueles “conhecedores” profetas e místicos, que têm em seu conhecimento uma
revelação divina, ou um dom sagrado. Antes, trata-se de um processo de trabalho
árduo, conjugado à vocação, gerador da inspiração.
Como se trata de um
processo de aprendizagem vê-se na outra ponta desse processo – no ensino – uma
de suas consequências: a experiência educativa, que busca instruir os alunos
sobre os conhecimentos racionais que o cientista conseguiu por meio de suas
pesquisas, metodologias e experimentos, ao mesmo tempo em que introduz o aluno
no seio da ciência, senão no todo, ao menos na parte racional da busca pela
verdade dos elementos que compõe o mundo.
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