Divagações sobre Bourdieu

Bourdieu vê na escola um ambiente de reprodução e legitimação das desigualdades sociais. Ele inverte a perspectiva dominante de que é a escola uma instância democartizadora e transformadora da realidade social. Há no campo social os diversos valores culturais que, aceitos como únicos verdadeiros ou legítimos por cada grupo social, determinam as relações entre a pedagogia escolar e as próprias classes sociais dentro das quais se incluem cada um daqueles grupos. Como há uma classe dominante, ela impõe a todas as outras sua cultura como a legítima, e forma a cultura escolar à luz dessa sua própria cultura. A cultura escolar, contudo, é vista como neutra e universalmente legítima, e não como produto de uma cultura dominante. Assim sendo, ela é legitimada e aqueles grupos sociais cuja cultura diverge da cultura escolar (que na verdade é reprodução da cultura da classe dominante) sofrem com a incapacidade (ou dificuldade) de assimilar como legitimamente sua a cultura escolar (uma vez que ela não é legitimamente sua, tampouco neutra e de todos, mas de uma classe dominante). A escola, nesse ínterim, privilegia aquele sujeito cuja cultura familiar é da classe dominante e vê reflexos dessa cultura na própria cultura escolar. As desigualdades escolares são reflexos das desigualdades sociais.

Qual é a violência simbólica presente no ambiente escolar segundo Bourdieu?
É a imposição de uma cultura dominante, dissimulada como cultura neutra e legítima (cultura escolar), aos grupos que não pertencem à classe dominante, cuja cultura, tão válida quanto a cultura dominante, nem inferior nem superior, é considerada errada (ou portadora de erros). Dentro dessa cultura escolar, há a reprodução e legitimação das desigualdades sociais, onde se exige a igualdade que não existe na própria sociedade.

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