Max Weber foi um dos pensadores iniciais e sistematizadores do que
hoje conhecemos por sociologia. É muito grande a sua contribuição
para essa ciência, que busca explicar a sociedade e suas relações
internas. Lançando conceitos que se tornaram a base da sociologia e
o paradigma para novos investigadores, o pensador focou seu olhar em
vários aspectos da sociedade. Alguns grandes temas aparecem em suas
obras e orientam a visão daqueles que buscam entender as diferentes
facetas da sociedade.
Um desses frutíferos conceitos é o de ação social, que é
caracterizada pela ação humana socialmente orientada, que retira
seu sentido da coletividade em ação. Essa ação tem um sentido
para aquele que a pratica. Carrega implícita, subjetivamente, o seu
sentido. É uma ação aceita no meio social em que é praticada, com
vistas a um objetivo ou ao menos posta em marcha por uma motivação.
Não basta que uma ação seja coletiva para ser caracterizada como
ação social. Ela deve, antes, ter sentido, ser racional. Uma ação
coletiva irracional, como a briga de uma torcida, não é uma ação
social. Um exemplo de ação social seria a criação de Canudos, por
Antônio Conselheiro e seus seguidores. Havia uma ação
coletivamente orientada para uma finalidade, e tendo uma motivação
que atingia toda aquela comunidade que se pôs em ação.
Outro trabalho de grande importância de Weber foi o estudo que ele
denominou “A ética protestante e o espírito do capitalismo”.
Nesse trabalho, o sociólogo expõe as bases que permitiram ao
protestantismo tornar-se solo fecundo para o crescimento do
capitalismo, permitindo o surgimento de uma nova racionalidade no
mundo do trabalho. As características da ética protestante que
permitiram tal feito foi a vida que o protestante levava orientada
para o cuidado com seus negócios, como se fosse uma ordem divina.
Sua ética é alicerçada no trabalho, e reconhece o dinheiro como
uma recompensa por esse trabalho. Além disso, a vida rigorosa que o
protestante levava estava profundamente vinculada a noções
religiosas: ele serve a Deus pela via do trabalho intenso, que ele
conjugou com uma economia bastante eficiente e rigorosa. Havia, ali,
um trabalho racional e orientado para a geração e acumulação de
riqueza.
Weber também trabalhou a questão da dominação, estabelecendo
três tipos puros de dominação legítima, que foram: a) a dominação
legal, que é aquela que segue a regra, a lei estabelecida, e joga
dentro dessa regra; b) a tradicional, que é aquela alicerçada no
reconhecimento dos poderes senhoriais e até na santidade das
ordenações, onde se exerce o poder há vastos anos e, por isso,
esse mesmo poder é legitimado pela tradição; e c) o carismático,
que é aquela dominação exercida em virtude da devoção afetiva
que o dominado nutre pelo dominador e seus dotes sobrenaturais,
mágicos, ou por seus atos de heroísmo, por seu poder de oratória e
persuasão ou seu intelecto.
Weber refletiu ainda sobre um certo
desencantamento do mundo, que se dá pelas novas relações
instauradas pela racionalidade. Ela reorientou a crença dos homens
na fé para a ciência. À partir do momento em que a racionalidade
passou a trabalhar as relações na sociedade, a ciência passou a
ser seu instrumento de investigação e explicação do mundo. As
parcas informações que os homens tinham sobre si mesmos, sobre a
natureza e sobre os acontecimentos físicos e psiquicos, eram
explicados recorrendo a fórmulas mágicas, à própria magia, à
religião, a seres sobrenaturais. Com o advento da ciência como
fonte de explicação do mundo, esse mesmo mundo foi “desmagificado”,
perdeu o encanto. As relações foram orientadas para a produção de
riquezas, para métodos racionais de organização do trabalho. O
papel que a racionalidade desempenhou foi impor uma nova organização
social, criando um mundo diferente do vivido até então.
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