Breve reflexão sobre motivação estudantil

Caros leitores, discorro hoje sobre breve trecho extraído de um estudo sobre a motivação estudantil acerca das disciplinas escolares. Fiquem a vontade para debatermos.

Psicologia educacional nos cursos de licenciatura: a motivação dos estudantes
“(...) podemos inferir que a desvalorização das licenciaturas nas instituições de ensino superior pode estar presente nas percepções dos alunos em relação às disciplinas pedagógicas. Assim, empregar determinado grau de esforço nessas disciplinas pode representar para os alunos um empenho acima das expectativas culturalmente vivas em nosso meio. Uma vez que está implícito o nível de esforço ideal, tentativas de superá-lo acarretariam resistência por parte dos estudantes, levando também os docentes a organizarem suas atividades de acordo com esse padrão estabelecido”.
Autores: Guimarães, Bzuneck e Sanches
   (estudo completo aqui)
Aparentemente, o texto apresenta uma relação de sentido que é estabelecida pelo aluno a partir da vivência da educação, expressa nas disciplinas escolares. A partir da constatação sobre a dificuldade ou facilidade de dada disciplina, o sujeito da aprendizagem valoriza ou desvaloriza o trabalho do docente e da carreira das licenciaturas.

Uma disciplina demasiadamente fácil colocará o aluno frente a uma imagem de que aquela profissão não envolve grande formação cultural para ser ministrada. Ao contrário, quando se depara com uma disciplina complexa, a perspectiva se inverte. Mas o professor deve manter dosada a dificuldade das matérias, para não extrapolar o limite dos alunos.

Creio que a questão que se coloca deve ser pensada no nível da significação da disciplina para o aluno. O que seria uma educação significativa? 

Para que a educação seja significativa, ela deve ser significativa para alguém, que é o sujeito. Mas o que seria o “significativo” para o sujeito? Creio que haja tantas possibilidades desse “ser significativo” quanto existem sujeitos, afinal, o significativo o é para o sujeito. 

Porém, o “significativo” não é criado em função desse sujeito, o que tornaria impossível a própria educação formal, se pensarmos em um “significativo” em função de uma individualidade (afinal, em uma escola existe uma pluralidade de individualidades que, me permita dizer, forma uma massa mais do que uma comunidade).

 Esse “significativo” é dado em função de algo, que não é o sujeito, mas um sistema, que é o próprio capitalismo, esse que determina como deve ser a subjetividade do sujeito.

Como trabalhar esse dilema? Como produzir algo que seja significativo para o sujeito (lembrando que esse “ser significativo” dependerá exclusivamente do sujeito em sua individualidade), capaz de instigar a formação de sua autenticidade subjetiva, ao mesmo tempo em que se trabalharia com uma educação dada em função de um “ser significativo” PARA um sistema, em função dele?

A questão se baseia na percepção intrínseca: o que dada disciplina fala para o sujeito. E extrínseca: como o sujeito percebe essa disciplina no rol das coisas que compõe a existência da sociedade e de suas relações sociais.

A valorização da disciplina, qualquer que seja, e da licenciatura, qualquer que seja, passa pela percepção que o sujeito tem dela, do significado intrínseco e extrínseco desses elementos.
Esses significados falam mais para o sujeito e tem mais peso para ele, do que todo o sistema educacional seria capaz de impor a esse sujeito e à sua subjetividade.

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