Dilma
foi reeleita com a menor margem da história sobre o adversário. Nem
por isso, deve-se imaginar que a democracia está menos forte
Dilma
Rousseff (PT) foi reeleita com cerca de 54,5 milhões de votos -
51,54% dos votos válidos - contra 48,36% de seu adversário,
Aécio Neves. Em discurso após confirmação do resultado,
Dilma negou que o país esteja dividido, pediu união e defendeu a
promoção de reformas, principalmente a política.
Perde
e ganha – No jogo de perde e ganha, a composição da Câmara,
do Senado e a nova configuração partidária dos estados ganhou
contornos surpreendentes. Dentro da polaridade PSDB x PT, tendo o
PMDB como fiel da balança em várias conjunturas, o PT vai governar
5 estados, com 34,6 milhões de habitantes; o PSDB vai governar 5
estados, com número significativamente maior de pessoas, 51,2
milhões; já o PMDB governará 7 estados, somando juntos 28,7
milhões de cidadãos. O PT ficou com 70 deputados na Câmara
Federal, contra 66 do PMDB e 54 do PSDB. Já no Senado, o PMDB larga
na frente, com 19 senadores, contra 13 do PT e 10 do PSDB.
Quem é
Dilma? - Mineira de Belo Horizonte, Dilma Rousseff, tem 66 anos,
é economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), tem uma filha e um neto. Foi reeleita hoje (26), junto com o
vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o apoio da coligação
formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD. No
primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos
(41,59% dos votos válidos).
Filha de
um imigrante búlgaro e de uma professora do interior do Rio de
Janeiro, Dilma viveu em Belo Horizonte, capital mineira, até 1970,
onde integrou organizações de esquerda, como o Comando de
Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária
Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela ditadura militar e
passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na capital paulista,
onde foi torturada.
Em 1973,
mudou-se para Porto Alegre, onde construiu sua carreira política. Na
capital gaúcha, Dilma dedicou-se à campanha pela anistia, no fim do
regime militar, e ajudou a fundar o PDT no estado. Em 1986, assumiu
seu primeiro cargo político, o comando da Secretaria da Fazenda de
Porto Alegre, convidada pelo então prefeito Alceu Collares.
Com a
redemocratização, Dilma participou da campanha de Leonel Brizola à
Presidência da República em 1989. No segundo turno, apoiou o então
candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 1993, Dilma assumiu a
Secretaria de Energia, Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul,
cargo que ocupou nos governos de Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra
(PT).
Filiação
ao PT acontece somente em 2000 - Em 2000, Dilma filiou-se ao PT
e, em 2002, foi convidada a compor a equipe de transição entre os
governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Quando Lula assumiu, em janeiro de 2003, Dilma foi nomeada ministra
de Minas e Energia, onde comandou a reformulação do marco
regulatório do setor. Em 2005, ainda no primeiro governo Lula, Dilma
assumiu a chefia da Casa Civil, responsável até então por projetos
como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa,
Minha Vida.
Dilma
deixou a Casa Civil em abril de 2010 e, em junho do mesmo ano, teve
sua candidatura à Presidência da República oficializada. Venceu
sua primeira eleição no segundo turno, contra o candidato do PSDB,
José Serra, com mais de 56 milhões de votos.
Em um
governo de continuidade, Dilma manteve e ampliou programas sociais da
gestão Lula e implantou iniciativas que levaram à redução da
pobreza, da fome e da desigualdade. Criou o Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ampliou programas de
empreendedorismo.
Também
implantou um programa de concessões para obras de infraestrutura e
logística, muitas ligadas à realização da Copa do Mundo. Em um
governo marcado por episódios de corrupção, Dilma chegou a demitir
seis ministros em dez meses, em 2011. A presidente reeleita também
enfrentou problemas com a economia, com queda no ritmo do crescimento
do país e avanço da inflação.
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