Possuía-a, e para mim era tudo. Nada
mais me importava. Nada. Sua pela macia, seu cheiro doce, suas pernas finas e
seios rijos. Seu corpo era meu mundo, e através de seus olhos eu via todo o
resto, que não passava de migalhas sem sentido. O sol acariciava seus cabelos
cheirosos, que me lembravam plagas floridas. Eram caracolados, cheios de anéis.
Gostava mesmo era de sentir seu
coração pulsar forte, como o de um touro defronte o toureiro, depois da
primeira lancetada. A quantidade se sangue jorrando era a mesma de adrenalina
correndo nas veias longas. O corpo dela chegava a vibrar. Era instinto puro
sendo exalado pelos poros. A força a e jovialidade de seu corpo era maior do
que de todos os outros corpos que eu possuíra.
Fiz planos com ela. Viajar para
longe, ver o fim do mundo e depois voltar com coisas maravilhosas e novas para
contar a todos, que ficariam embasbacados. Ou simplesmente permanecer no fim do
mundo e desfrutar da ausência de todos os outros. Qual seria o nosso fim do
mundo? Pouco importava. Aliás, pouco importava tudo, já que eu a tinha.
Era amor de verdade, o mais puro,
que também é o mais doloroso. Pensei em cruzar o país até a Patagônia,
atravessar a Transamazônica, viver errante em uma tribo de caçadores, ou quem
sabe cruzar a terra dos Czares... Cada palmo de terra andado com ela, não
importa para onde fosse, seria incrível.
Mas então veio o fim e, numa sessão
de exorcismo, me tiraram daquele corpo feminino conquistado com tanto esforço.
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