O Nobre Deputado

Um nobre deputado gritou a outra nobre deputada que não a estupraria porque ela “não merecia”. Ele pensou muito antes de dizer isso, afinal, não se expõe em vão e em público um método tão íntimo de se castigar alguém.

É óbvio que tal prática de tortura, usada por ele com grande maestria, vinha sendo praticada com zelo e primor havia anos. Ele mesmo não lembrava como a aprendera, mas no fundo sabia que apenas replicava um modelo usado contra ele mesmo, quando pequeno.

No dia em que expôs esse método em público, o nobre parlamentar vinha de uma longa sessão de punição. Apenas algumas horas antes, ele já havia castigado dois funcionários fantasmas (que por azar apareceram naquele dia para receber seus “vencimentos”), uma ovelha e o próprio sapato. Só para desestressar.

O estupro não era sua única ferramenta de punição, apenas a preferida, já que usava outra muito comum: despejar nos ouvidos dos torturados suas ideias sobre política. Fosse na época da Ditadura, ele teria institucionalizado a prática no DOI-Codi, que certamente a acataria de bom grado, afinal, dar choque nos testículos dos outros não dava mais tanto prazer ao torturador. Mas não estamos na Ditadura (ainda, já que o nobre "estuprador" parece ter certeza de que a implantará no país ainda esse ano).

Informações dão conta de que o nobre deputado está conquistando muitos seguidores, que trocarão lições e experiências entre si em um clube fechado à participação de gente sã.

Estarrecida com a atitude do colega, de expor tão claramente seu método preferido e mais cruel, a deputada deixou o plenário, enquanto o nobre deputado coçava os fundilhos há pouco usados e separava o viagra para uma nova sessão de masoquismo. Com cara de desprezo, resmungava: Eu mereço ser estuprado! Você não, bobona.

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