Os caminhos de Dilma

Falta de agilidade do modelo tradicional de governo, e falta de paciência dos novos atores sociais, geram atritos que precisam ser administrados

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, defendeu no Fórum Social Mundial (FSM), mais diálogo da presidente Dilma Rousseff com os movimentos sociais. “Ela [Dilma] está com tempo para inverter este caminho [de distanciamento] e de rapidamente procurar o apoio dos movimentos sociais. Mas é preciso vontade política”, disse.
Para a secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, é decisivo pensar a participação nas urnas e nas ruas.
Para ele, a situação social e política mudou muito desde o início da década de 2000, quando havia um grande ânimo de transformação social e política e grande participação social. Muitos países da América Latina, segundo ele, atravessam dificuldades, e é preciso aprender com os erros.

“Penso que houve muitos erros que se cometeram ao longo desses anos, alguns deles têm a ver com o fato de a energia da participação social, que foi fundamental na transformação política, de uma certa maneira, se atenuou”, disse Boaventura, que também é fundador da Universidade Popular dos Movimentos Sociais.

Para a secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, é decisivo pensar a participação nas urnas e nas ruas. “Temos visto um Brasil desde 2013 nas ruas com manifestações da esquerda e da direita. Isso é absolutamente legítimo. O que falta, talvez, seja uma integração maior entre os mecanismos da rua com o voto, ou seja, as pessoas querem ser cogestoras das políticas do Estado.”

Segundo Ivana, o Estado e os movimentos sociais têm de reinventar as formas de participação para que haja uma ponte entre as manifestações e as políticas públicas. “O aparato de Estado é lento, ele custa a incorporar as inovações sociais, só que as pessoas estão cada vez mais intolerantes com essa velocidade”.

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